Paginas

11 de maio de 2012

Mensagem Arcebispo Dom Orani para o dia das mães


Dia das Mães

         O segundo domingo de maio é um dia dedicado a homenagear as mulheres que acolheram em sua vida a missão sublime de gerar ou acolher um filho para educar. Ser mãe é dom gratuito da bondade de Deus para cada mulher, e também a possibilidade de aceitar trabalhar pelo futuro da humanidade. Uma significativa expressão da fidelidade de Deus no sacramento do matrimônio, que torna o amor de um casal fecundo e multiplicador de vida.
         Esse dia nascido por motivações afetivas, mas muito explorado comercialmente nos dias atuais pode ser agora uma oportunidade de valorizar a vida e a família. Principalmente se refletimos sobre amissão importante da mãe (junto com o esposo) de educar seus filhos.
         Além de acolher ou procriar fisicamente, gerar um filho para a  é um compromisso que sinalizarelação de Deus com seu povo, que é sempre fecunda, capaz de multiplicar a vida, e se dá na plena confiançe entrega à providência divina.
         No contexto de um capitalismo selvagem que cada vez mais tenta destruir os valores verdadeiros da humanidade, ser mãe, para além de uma responsabilidade e de um dom, significa manifestar um compromisso com a vida em todas as suas dimensões. Com as pressões atuais contra a dignidade da vida e a propaganda contra a geração de filhos, constatamos que isso é ferir em uma mulher o direito de ser mãe, ferindo também sua mais profunda dignidade e violando aquilo que de mais belo Deus concedeu a uma mulher: o direito de ser mãe e de contribuir assim com a criação, que continua a ser criada e recriada. "Cada criançque nasce é Deus que volta a sorrir para o mundo" diz a tradição popular.  
          Homenagear as mães nesse dia nos faz recordar da importância da família humana e também da figura de Maria, exemplo de mãe e educadora. Mulher forte e doce, mulher do silêncio, da presençe da esperançque não decepciona. Maria traz consigo as virtudes mais profundas, capazes de fazer de todas as mulheres verdadeiramente mães e mestras, como ela o foi. A humildade, a plena confiançem Deus, seu sim à acolhida do projeto divino em sua vida, conformando-se plenamente a ele, as lutas para proteger o filho, a coragem de lançá-lo no projeto do Pai antes mesmo de "chegar a sua hora", aforçpara acompanhar o filho no sofrimento e aos pés da cruz, acolher o filho morto ao ser retirado da cruz e contemplar, em seus braços, seu corpo sofrido por amor, a esperançde fazer continuar o projeto de construção do Reino junto com os discípulos amedrontados no cenáculo, a alegria de ver o filho ressuscitado e Senhor para sempre.
         Mães de nosso tempo: pobres, mas incapazes de abandonar os filhos que gerou. Capazes de educar na dificuldade, nunca os deixando de lado. Mulheres de fé, que choram aos pés do Santíssimo Sacramento e da Virgem das Dores, implorando a Deus por seus filhos, escravos das drogas, da prostituição e de tantos outros vícios. Mães que percorrem o calvário com seus filhos, lutam para que não sejam mortos e imploram de Deus uma nova vida de cada um deles. Verdadeiras guerreiras, batalhando e lutando por sua prole, trabalham de sol a sol para estudar os filhos, fazê-los crescer bem e oferecer-lhes melhores condições de vida e novas possibilidades, que, elas mesmas, não puderam receber. Mulheres que choram as dores dos filhos, que sorriem e celebram suas vitórias. Mulheres deaço, mulheres como flores, singelas e frágeis. Amor traduzido em gestos concretos e na mais profunda oferta de vida. Capazes de tudo para garantir aos filhos uma vida de sucesso e de realização.
         As Sagradas Escrituras estão cheias dos testemunhos de mulheres, mães, que tudo fizeram para que seus filhos compreendessem e permanecessem no caminho do Senhor. Vale lembrar o desejo de Sara de ser mãe e sua confiançem Deus, que transformou sua impossibilidade e fez de Abraão Pai de todas as nações (Gn 18,10); a história de Ana, mãe de Samuel, que deu a luz o filho primogênito (1Sm 1-2); a belíssima história da mãe e dos sete filhos que dão a vida mas não negam o Senhor (2Mc 7, 1-40); a busca da mulher cananéia pela cura de sua filha (Mt 15,21); a alegria de Isabel ao conceber João Batista (Lc 1, 12-15) e Maria, modelo novo de maternidade e coragem (Lc 1, 26-38).
         A figura materna tem nas Sagradas Escrituras um valor profundo que até mesmo a revelação compara o amor de Deus com algumas características maternas: "... agora vou gritar como a mulher que dá a luz, vou gemer e suspirar" (cf.Is 42, 14); "Sião dizia: o Senhor me abandonou; o Senhor me esqueceu. Mas, pode a mãe esquecer o seu filho, ou a mulher a criançem suas entranhas? Ainda que ela esqueça, eu não esquecerei você" (cf. Is 49,15); "Como a mãe consola o seu filho, assim eu vou consolar vocês... (cf. Is 66,13).
         Na história do cristianismo, tantas mães se santificaram pensando e promovendo o bem para seus filhos. Recordemos de Santa Mônica, que tanto rezou pela conversão do filho Agostinho, que se tornou um santo e doutor da Igreja, ou ainda, Santa Rita de Cássia, que rezou a Deus por seus filhos, que não queria vê-los manchados com a culpa do sangue e do ódio entre famílias rivais.
         A todas as mães queremos homenagear e rezar para que suas presenças sejam sempre sinal de vida e de fecundidade. Para que sinalizem o amor de Deus com suas vidas, principalmente em nossos tempos, onde o direito de ser mãe vem sendo substituído pelo horror do aborto que fere a dignidade de tantas mulheres iludidas por falsas ideologias.
         Rezemos também pelas mães que já se encontram junto com Maria na eternidade, na bem-aventurançeterna para que recebam a recompensa de suas vidas doadas e entregues a Deus e à família.
         Que Maria mãe e mestra, cubra todas as mães com seu sagrado manto de amor, humildade e dedicação. Que ela alcance de Deus para todas as mães as condições necessárias para educarem seus filhos com dignidade, na justiça, fraternidade e solidariedade. Que nenhuma mãe se esqueçde que amelhor herançque podem entregar a seus filhos é a fé.
         Maria, mãe de todos os povos, rogai por nós!

† Orani João Tempesta, O. Cist.
  Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário